sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Mil Padres Nossos e Mil Ave-Marias


Quando Bentinho roga a Deus, prometendo lhe oferecer sua reza em troca do amor (afinal em seu devaneio livrar-se-ia do seminário para a consumação), lembrei-me dos meus 17 anos quando pedi para não mais me apaixonar. Menina com sentimentos a flor da pele, já sentira ali, quanto custaria manter borboletas no estomago.
Mas o tempo passou, a promessa não se cumpriu.
Aprisionei minhas borboletas.
Elas se mantiveram por mais uma vez em mim. E eu e nele.
Frio na barriga e cócegas no coração.

Senti que era o momento de libertá-las, não pelo fato de me livrar da paixão, mas chegara a hora que só coração digere o sentimento.
Por isso era momento de partida.
No entanto, pra minha surpresa, elas se foram por si só. Criaram asas, e num ato de vingança, por duas décadas de prisão, o levaram.
Teria as borboletas se apaixonado por ele?
Teria ele medo de habitar meu coração?
Teria meu coração medo de abriga-lo?
Teria abrigo? Teria.

Como Bento, rogo a Deus num oficio diário, nem tantas vezes mil, porém vezes, vezes e vezes. Não para o retorno das borboletas, aquelas que acreditei serem mais que sinais, amigas fieis, aquelas que cochicham com a gente dentro quarto a portas fechadas. Não rezo para tê-lo comigo. Mas para ele ter-se com ele e com Ele.

Hoje acordei com duas décadas e um ano, uma pia eternamente sem saída, sem as borboletas no estomago. Entretanto, quando dei por mim lá estavam os casulos. E ele no lugar onde sempre esteve.

Como o ventre gera vida. O coração casulos.
Afinal, borboletas vivem somente 24 horas.


Carolina

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